Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Instead of...

Ando a ler a Herta Müller do Nobel de 2009 (A terra das Ameixas verdes) e encontrei-me numa frase dela: "Sempre que a vida te parecer insuportável, arruma o teu armário. Assim as preocupações saem-te pelas mãos, e a cabeça desempoeira-se." Não é que a minha vida me parece insuportável (longe disso!), mas depois de um dia cansativo comecei o serão por trabalhar no computador e acabei a organizar o armário... É bom saber que a vida nos concede compensações, substituições, escolhas... Mas claro que acabei por voltar ao computador para o trabalho... Se calhar tenho que arranjar outro roupeiro para organizar...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

"Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje..."

Tenho aqui uma latinha para canetas e afins na secretária de um dos meus locais de trabalho que afirma, com toda a sua lata: "Tomorrow is waiting for your smile." E eu respondo-lhe: "- Tomorrow? And what about today?" É que aprendi com a minha mãe que não devo deixar para amanhã aquilo que posso fazer já hoje. Portanto, quero e vou sorrir hoje... e amanhã também, para obedecer à latinha! :)

domingo, 24 de janeiro de 2010

Um Reino de Papel?


Depois de mais um dia rodeada de papéis, lembrei-me de um poema que encontrei no livro A Geografia da Felicidade de Eric Weiner e, como o tinha anotado, fui buscá-lo para com ele iniciar o meu post de hoje:

"Quando a última árvore for cortada,

Quando o último rio estiver vazio,

Quando o último peixe for apanhado,

Só nessa altura o Homem perceberá que não pode comer dinheiro."

Espero que nessa altura também perceba que não pode ensinar só com papel. Até porque os meus pais são do tempo da ardósia e fartaram-se de aprender... Eu, por outro lado, às vezes sinto-me uma verdadeira assassina de árvores... Mas depois fixo o olhar na pequena elevação de trabalhos dos meus alunos para corrigir e sorrio, porque, esse sim, é um bom uso a dar ao papel: enchê-lo de palavras que trazem vidas e que me enchem de vontade de continuar a ensinar e a aprender. Até porque no fim da aula em que os trabalhos foram feitos, houve uma aluna que me perguntou se eu ria quando corrigia os textos deles... E eu respondi-lhe que SO(r)ria... Afinal também é bom ser Rainha do Papel...

PS-Viva o blogue que me faz poupar árvores!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Abre-se o pano, mais um dia acontece...


Hoje acordei com a cidade... À medida que a minha mente se espreguiçava, também os tímidos raios de sol iam rompendo o lençol de nuvens e dando a cara neste Inverno rabugento de chuvas...

Em resultado, nasceu uma bonita manhã e eu estava acordada para a ver. E, ao pensar nisso, o trabalho matinal já não me pareceu tão custoso. Lembrei-me do que já li algures e vou parafrasear por não me lembrar das palavras exactas: "Quando te sentires desvalorizado, lembra-te de que também o sol dá todas as manhãs um espectáculo maravilhoso ao nascer e a maior parte da plateia está a dormir..."

Hoje senti-me, pois, mais acordada para a Vida, por assistir a esse espectáculo na fila da frente...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Encher o depósito...

Rabisquei isto no meu fiel Moleskine no início desta semana para o passar para aqui quando tivesse oportunidade... Pois é... Parece que a semana foi cheia de trabalho e cansativa... Mas o que eu tenho para partilhar é algo que faz semanas destas valerem a pena! Porque oito anos depois, está-se a atestar o depósito do carro e sente-se um par de olhos cravado em nós... Daí a pouco ouve-se uma voz que pede para fazer uma pergunta e, quando se desfaz com curiosidade a nossa pose de bomba de gasolina, encontra-se, do outro lado de um olhar, um aluno que nos reconheceu e que nos atesta o ego com novas forças para a saga de trabalho continuar... Eu disse-vos que esta profissão nos fazia tocar a eternidade... Quanto a mim, já tenho o meu punhado dela e isso faz-me sentir bem... Agora venha o fim-de-semana!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"A quem madruga, Deus ajuda"

Há dias que pedem um "post" logo pela manhã... Como se fossem buracos negros a sugerir que eu os encha com a luz de algumas palavras, que demonstrem a mim própria que, apesar de ser uma manhã ensonada de Segunda-Feira, vale a pena sorrir ao dia que se vai desenrolar a partir dela, até porque quem sabe ele não será um dos melhores dias da minha vida? Há sempre essa hipótese, certo? Portanto, aqui fica o meu contributo para iluminar esta manhã que até se pintou com o "Sol de Inverno" de que tanto gosto...

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Time and tide wait for no man"


Ontem à noite acabei o livro que andava a ler (Amor no Rio das Pérolas de Marta Curto) e registei uma conclusão importante: "...a vida é feita de marés. Há que saber aceitá-las e viver ao sabor delas." Identifiquei-me com esta lição de vida, até porque eu própria sou "mulher de marés" (expressão da minha terra = "és de marés", ou seja, és temperamental, ou não fosse eu Balança de signo e tivesse dois pratos entre os quais oscilar...) e às vezes sinto-as transbordar de mim, em momentos de preia-mar absoluta... Mas sei que a baixa-mar também voltará e o sabor que permanece é sempre o da Maresia da Vida, o mais intenso e genuíno que existe.

Para complementar este "post" falta-me partilhar a segunda parte da lição aprendida no serão de ontem, esta ao ver uma das séries que sigo - "O Mentalista" - e na qual me fascina a análise feita à psique humana. Diz ele (o "Mentalista" himself, Sir Patrick Jane): "Se esperarmos tempo suficiente ao pé do caudal de um rio, veremos passar os cadáveres dos nossos inimigos no seu leito." Esta é uma aula de sabedoria e paciência para com a Vida. Afinal de contas, é tudo uma questão de tempo... Mesmo que esses inimigos só vivam dentro de nós próprios...

sábado, 16 de janeiro de 2010

Elegia ao Elogio

Sabe tão bem vestir um elogio... Assenta como um quentinho casaco de lã que se molda ao corpo e nos aquece, como se nos mantivesse dentro de uma aura de aconchego. Quando nos elogiam, sentimos que somos alguém no Universo, que estamos a orbitar em consonância com o que se espera de nós e que merecemos o nosso lugarzinho na galáxia dos seres humanos... Um elogio é, pois, uma carícia feita à nossa essência e vale tanto mais quanto é sincero... Infelizmente é uma prática que tende a rarear nos dias críticos e exigentes de hoje, mas continua a valer por milhões deles quando se recebe, sobretudo se for inesperado. Eu cá escolho elogiar a Vida e todos os que na minha me fazem sentir elogiada pelo simples facto de nela quererem permanecer...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

(Des)Encontros...


Ando a ler um livro sobre desencontros (Amor no Rio das Pérolas de Marta Curto, que recomendo) e isso fez-me vir reflectir sobre as encruzilhadas kármicas com que nos deparamos ao longo da nossa existência. A verdade é que, durante os anos que nos são dados para viver, muitas são as vezes em que nos desencontramos. Nem sempre a bússola do nosso "querer" aponta para o caminho certo. Chocamos com nortes ilusórios, temos falsas partidas e despejamos o alforge das energias em sagas labirínticas. Mas eu sei que se não nos desencontrássemos de vez em quando talvez também nunca nos chegássemos a encontrar. É por isso que agradeço à Vida por me ter desencontrado de algumas pessoas ou situações. Só assim pude e posso mudar o rumo e encontrar as que realmente interessam...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

"Sol de Inverno"


Num dia (ou numa época) em que toda a gente fala da chuva e do vento, eu vou falar do Sol... Não do que teima em não brilhar sobre nós, mas daquele Sol bom que nos vem de dentro, bem do fundo do céu infinito do nosso Coração e irradia os seus raios, quando algo de bom nos acontece e surpreende...

Já disse o escritor americano Henry Brooks Adams: "A teacher affects eternity; he can never tell where his influence stops.” E de facto esta profissão faz-nos tocar na eternidade quando sentimos que o que somos e fazemos não passa despercebido. Para renovar essa certeza, basta-me percorrer um a um os comentários de uma já ex-aluna neste blogue e sentir que o elo que se cria numa sala de aula tanto pode ser ténue, como também nunca se perder. E para que isso aconteça basta que amanhã seja mais um dia de aulas... E é... Fará Sol então...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Feathers of Life...

When the feathers of sadness tickle my good vibes, trying to fill my soul with the itchy feeling that nothing is worth my effort, I grab them and use them to write about it... Yesterday night, I was watching the movie "Freedom Writers" and I was sure not to be alone on my Faith in words and writing as a main Life First-Aid Kit. Because sometimes words just pile up on our throat and we can't put them all out... But if we manage to discipline them into letter-format and write them down, there'll be just nothing in this messed-up world that we can't write about... The kids from the movie have proved that and maybe their lives got more bearable when they became stories... After all, we're just weaving stories that someone will read...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Conjugar o Verbo Viver...

Ontem já não consegui conjugar o verbo "blogar" porque estive até tarde a conjugar outro: "corrigir" (as fichas dos meus alunos). Modo - cansada... Tempo - tardio... Pessoa - EU! Número - à volta de vinte... Adormeci com a sensação de que me faltava algo... Acho que já me habituei a só ir descansar depois de vir visitar o cantinho das minhas palavras e, com a ajuda delas, conjugar de forma completa o Verbo Viver... Por isso, cá estou eu a repor essa visita e, à medida que o faço, sinto que se faz uma maior concordância entre a minha pessoa e o número de momentos que me é dado para preencher ao longo do dia... Pronto, missão cumprida... Agora vou ali porque tenho que ir Viver!!!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Muro da gratidão


Já me habituei à rotina de findar o dia com algumas palavras aqui. Ao fazê-lo, sinto-me como se depositasse a minha existência diária perante o Muro da Gratidão (primo muito afastado do famoso Muro das Lamentações preferido por tantos...). Ao evocar todas as experiências vividas, há sempre tantas cores com que pintar essa parede para a transformar num mural em tons de arco-íris. Recordá-las é voltar a sentir a pele da alma aquecer mesmo no mais frio Inverno... E saber que em vez de "bater com a cabeça" na frieza do desespero, basta incliná-la suavemente sobre a almofada da esperança e acreditar que cada sono será novo sonho e que cada amanhã se transformará num hoje derramado em mais uma paleta de vivas tonalidades, prontas a ser usadas e aplicadas na brancura das horas por viver...

Origami de sonhos...

Vivo num reino de papel... Faço mais listas do que o Pai Natal para não me esquecer de nada... E agora que escrevo num "papel" virtual, relembro com nostalgia o tempo em que o papel real não era mais do que um confidente. Ainda guardo algures os diários perfumados de folhas cor-de-rosa e fechados com uma chave quase minúscula onde depositava o meu rol detalhado de conquistas e fracassos. Já dizia Anne Frank que "o papel é mais paciente do que os homens". Talvez seja tempo de acrescentarmos que o ciber-espaço também... Ao menos morrem menos árvores... E está na hora de eu ir fazer origami de sonhos... sem papel!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


O primeiro dia já está! Sobrevivi... E aquele momento? Será que houve? Há sempre... Um, dois, três, inúmeros... Basta que os queiramos saber encontrar nas entrelinhas dos segundos e dos minutos que se empilham para formar os nossos dias. Alturas haverá em que precisaremos de recorrer à lupa da persistência para os encontrar, mas felizmente na maioria das vezes eles apresentam-se a olho nu, saltando à vista quando teimamos em ser nós e em fazer aquilo de que gostamos...

Deixo-vos, uma vez mais, com as sábias palavras de Maya Angelou (uma vez que é o livro dela que ando a ler antes de sucumbir ao João Pestana):

"O barco da minha vida pode navegar ou não por águas calmas e agradáveis. Os desafios diários da minha vida podem ser ou não alegres ou promissores. Nos dias de temporal e nos dias de sol, nas noites gloriosas e nas noites solitárias, tenho sempre uma atitude de gratidão. Se insistir em ser pessimista, tenho sempre o dia de amanhã.

Por hoje, sinto-me grata."

domingo, 3 de janeiro de 2010

Pôr "STOP" na Pausa...

Pois é... Aproveito os últimos minutos da interrupção lectiva para adicionar mais um "post", já que a partir de amanhã o tempo será, certamente, mais escasso... A pausa soube bem e talvez se eu escrever isto o meu desejo seja mais fácil de concretizar: que em cada amanhã do ano de trabalho que se vai começar a desenrolar haja pelo menos UM momento que me relembre o motivo pelo qual escolhi a minha profissão. E se esse momento quotidiano existir e se eu o souber ver, tudo será mais fácil e tudo valerá a pena. Porque um momento por dia é capaz de dar uma boa soma no fim da equação...

The Weather in My Soul


[Os que me conhecem sabem que volta e meia puxo da língua das minhas raízes, por isso haverá hipótese de este se tornar um blogue um tanto ou quanto bilingue... Inglesices...]


When the storm yells outside, I start my journey back into the bays of my soul, where the weather is not always pleasant, but at least it is a common place… There, the leaves are always golden orange or brown, the sun keeps shining and peeking through them, even though it’s cold and every once in a while abundant and fluffy snowflakes fall to complete the scenery… A paradoxical weather? Yes, indeed, for that is the essence of a human soul… Feels cosy and safe inside, though…

sábado, 2 de janeiro de 2010

Tanta Vida para Amar...


No segundo dia desta minha aventura e do ano, acordei com uns tímidos raios de sol... Depois de tantos dias de chuva, vento e temporal, abri a janela, decidida a tomar o pequeno-almoço à luz dessas ténues fontes de calor... Ironicamente, a chuva reapareceu e eu sorri... Sorri porque estou perante a imensidão de tantos dias por preencher e aprendi que não posso tentar adivinhar se vão ser de chuva ou de sol... Maya Angelou, uma Senhora nas letras e na Vida, no seu livro que estou a ler (Carta à Minha Filha), diz que "...a vida ama quem a vive." E eu sei que, para a viver, tenho que amar os dias de chuva, de sol e até aqueles que forem um misto das duas coisas. Porque só assim estarei a vivê-la no pleno da sua essência: o factor surpresa.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Projecto de Ano Novo...

Com a chegada de uma nova etapa, desdobram-se novelos de projectos e intenções... Este ano, incentivada pela madrinha deste espaço e inspirada pela própria Vida, acarinhei um projecto especial: criar um blogue! Sempre caminhei pela existência ladeada pelas palavras... Nos momentos mais importantes ou intensos, elas sempre fluíram de mim, como ondas em dia de temporal. Agora virei depositá-las aqui, para que não se percam e porque talvez possam inspirar outros a fazer o mesmo... Se não o conseguir, fica o registo cibernético da intenção... Afinal, já dizia Flaubert: "...a palavra humana é como um caldeirão rachado onde tocamos melodias para fazer dançar os ursos, quando se desejaria enternecer as estrelas."
PS-Acompanho este primeiro "post" com uma canção dos "meus" Bee Gees que ilustra bem o valor das palavras, motor deste meu cantinho...