Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

sábado, 28 de março de 2015

Razão?


"(…) perante as jogadas que o destino nos apresenta inesperadamente à frente, por vezes não se pode aplicar a razão."
María Dueñas

Por mais que queiramos. Por mais que a transição nos custe. Por mais que evitemos ceder às emoções. Mas é delas que estamos cheios. São elas que transbordam de nós como de um copo cheio. Mesmo quando queremos que a razão grite e vença. Ou até que dê uns bons socos na mesa e se imponha. Mas não adianta. Deixemos que elas se libertem quando tiver de ser.
Até porque chegará o tempo em que tudo se terá esbatido, em que já não nos sentiremos assim, em que só a razão prevalecerá. E aí estaremos, de novo, tranquilos, superiores a tudo, soberanos na força da nossa vontade. Mais sós? Nada disso! Mais nós!

quinta-feira, 26 de março de 2015

Momentos...


"A vida é uma série de momentos, e os momentos estão sempre a mudar, tal como os pensamentos: ora são negativos, ora positivos. E ainda que remoer nas coisas seja algo que faz parte da condição humana, é absurdo, é absurdo permitir que um pensamento habite a nossa mente, porque os pensamentos são como visitas, ou amigos de ocasião. Tão depressa aparecem como desaparecem, e até mesmo aqueles que demoram muito tempo a desabrochar por completo podem desvanecer-se num instante. Os momentos são preciosos; às vezes, prolongam-se no tempo e, outras, são fugazes. Contudo, há tanta coisa que podemos fazer com eles (…)"
Cecelia Ahern

Há uma coisa preciosa que podemos fazer com eles: deixá-los prolongarem-se sem pressas… Acordar de manhã e sentir os raios de sol acariciarem-nos a vista e servirem de despertador; desfrutar do aconchego dos lençóis sem o habitual salto precipitado para fora da cama; inverter a ordem das ações mecanizadas da rotina; viver um pouco de pijama vestido e passear preguiçosamente pela casa, de janela para janela, para ver as várias faces da primavera são tudo momentos que é tão bom que não sejam sempre fugazes.
Ter tempo para os saborear com o café da manhã é uma das viagens obrigatórias da nossa vida que devemos fazer sempre que possível. Não é preciso fazer as malas e ir para um lugar exótico ou tropical para vermos as cores da vida de forma mais intensa. Às vezes só é preciso travar. Pôr o piloto automático. Tirar a chave da ignição. Parar.
E a vida vem até nós com toda a sua pujança, com todo o seu manancial inesgotável de momentos que sempre estiveram ao alcance de um minuto ou dois para os podermos saborear. Inebriemo-nos, pois, deles e sintamo-nos cheios de energia renovada, aquela que faz com que cada hoje contenha em si a promessa de tantos amanhãs...

quarta-feira, 4 de março de 2015

Sweet moments...


"The character and quality of our life is forged in little moments."
Paul David Tripp

Assim como o açúcar fica no fundo de uma chávena, também a doçura da vida se aloja por vezes no fim de um dia extenuado… Por mais que a tentemos fazer vir ao de cima, desconhecemos o seu sabor até que ele se manifesta nos últimos instantes, persistindo na nossa memória gustativa…
Acontecem assim os pequenos grandes momentos que dotam a nossa existência de qualidade e que nos fazem sorrir de expetativa por cada amanhã… Quiçá quando mais um quadradinho de açúcar será adicionado ao nosso destino, em jeito de recompensa inesperada?

domingo, 1 de março de 2015

Tempus fugit...


"Time flies over us, but leaves its shadow behind." 
Nathaniel Hawthorne

A vida é como um aeroporto, feita de chegadas e partidas. E é quando assistimos, ainda que de longe, às despedidas dos que ficam que desejamos que a corda do relógio do nosso Tempo se parta para que os nossos permaneçam connosco, como que cristalizados num agora feliz e sem ausências…
Sabemos como isso é impossível, por isso passamos para o extremo inverso. Estreitamos cada segundo passado com eles com tanta força que quase os esmagamos de intensidade. Queremos beber cada passagem do ponteiro e saciar-nos da companhia dos que nos são próximos.
E depois a vida ultrapassa-nos, quer pela esquerda, quer pela direita, sem nunca levar multas ou sequer avisos por excesso de velocidade, e esquecemo-nos de que estamos no palco para receber e ver partir. Engrenamos a quinta velocidade para acompanharmos o ritmo do quotidiano e a urgência que sentíramos anteriormente esvai-se, substituída pela correria de fazer tudo em vinte e quatro horas. Até que sejamos público para mais um espetáculo de dor e lágrimas… Até que chegue também a nossa vez...