Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Sem complicações...


"Life is the messy bits."
Letters to Juliet (movie)

Not only, but also... Em dia de fim de ano, o inevitável balanço acontece dentro das nossas cabeças e, no meu caso, tende a passar para as pontas dos dedos que se colam às teclas do computador (longe vai o tempo em que o transplante se fazia através de uma caneta!).
E ao fazer esse balanço, tenho de concluir que 2013 não teve assim tantas "partes complicadas" (apesar de não ter estado isento das mesmas!). Não devo, no entanto, chegar à conclusão de que não vivi o suficiente. Nada disso! Quem me dera que todos os anos fossem simples, lineares, serenos e sem grandes complicações. Estarei a viver menos por desejar isto? Até o poderei estar a fazer, mas neste momento isso não me importa. Há quem defenda que, em retrospetiva, são as partes mais intensas e difíceis que nos fazem achar que levamos uma vida boa. Peço desculpa por discordar.
Para mim, uma vida boa é uma existência serena. Já tive a minha quota parte de "messy bits" e sei que ainda muitas outras virão. Por isso, enquanto puder desfrutar do sossego e da quietude nos jardins da minha alma, é esse o meu desejo para 2014...

sábado, 28 de dezembro de 2013

Grandes esperanças...


Saída diretamente do universo de Dickens, a mini-série "Great Expectations" da BBC é uma boa conselheira em fase de balanço de final de ano... Lembra-nos que, independentemente das nossas expetativas serem pequenas ou grandes, a Vida é um carrossel com vontade própria. Sabemos a moeda que pomos para começar, mas nunca sabemos para que lado vai girar, durante quanto tempo ou a que ritmo... Se isso nos quer dizer que devemos deixar de ter esperança? Não, porque é ela que nos faz continuar a querer participar neste parque de diversões que é a nossa própria existência. Devemos esperar viver durante o tempo que nos está destinado, ao lado dos que nos querem bem e desejam estar connosco, a fazer aquilo de que gostamos, com o suficiente para nos sentirmos confortáveis e afortunados. Esperanças assim não nos prejudicam, não nos impulsionam os sonhos para longe demais e não nos dececionam no fim... Mais do que isso será desnecessário porque retirará o fator surpresa ao futuro... Resta-nos acreditar que o Destino saberá que moedas nos dar e quando... 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A minha vida e os livros...


"Há coisas que não podemos alcançar.
Mas podemos estender a mão para elas, e todo o dia."
Mary Oliver

Acabo de ler um livro que me tocou bastante. Os livros do final da tua vida de Will Schwalbe é um testemunho real sobre a importância da leitura na vida, na luta contra a morte e nas relações humanas. Revejo-me nele porque todas as pessoas de quem gosto realmente partilham comigo a paixão pelos livros. Também eu gostava de ter mais tempo para conversar com elas sobre o que lemos. Sobretudo, gostava de ter mais tempo com elas e pronto... Nesta corrida contra a morte que é a nossa existência, parar para ler, voltar a parar para refletir sobre o que se leu e partilhá-lo com alguém de quem se gosta devia ser paragem obrigatória para todos nós. Como não o pode ser, uso tantas vezes este blogue como meu companheiro e ouvinte fiel. E é aqui que deixo a maior lição do livro, um conjunto de conselhos que a mãe do narrador (doente terminal) lhe foi transmitindo ao longo da vida como herança:

"Faz a tua cama, todas as manhãs; não importa que não te apeteça, faz à mesma. Escreve notas de agradecimento de imediato. Desfaz a mala, ainda que vás apenas ficar uma noite. Se não chegares dez minutos adiantado, estás atrasado. Sê alegre e escuta as pessoas, ainda que não tenhas vontade. Diz aos que amas que os amas, todos os dias. Forra as gavetas com papel. Tem sempre à mão uma série de presentes, assim terás sempre alguma coisa para dar às pessoas. Celebra as ocasiões. Sê amável."

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mensagem de Natal...


É Natal... Cheira a aconchego, a bolos, a família, a pijamas e perfumes novos... Dá vontade de prolongar o dia ao máximo para fazer com que o Espírito perdure... Neste dia e nesta época, os melhores sentimentos que vivem muitas vezes calados dentro de nós desfilam à tona da nossa pele e pedem para ser partilhados com os que nos são mais queridos... Fazemo-lo através de um abraço, de uma prenda, de uma mensagem, de um telefonema... A tudo isso, gostava de juntar esta prece budista com que me cruzei há pouco no livro que ando a ler. É a minha mensagem de Natal para os que me visitam aqui e para todos os outros também:

"Que todos os seres vivos possam libertar-se do sofrimento.
Que todos os seres vivos possam libertar-se da inimizade.
Que todos os seres vivos possam libertar-se da perniciosidade.
Que todos os seres vivos possam libertar-se da doença.
Que todos os seres vivos possam ser capazes de proteger a sua própria felicidade."

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Livros...


"Quando se vende um livro a uma pessoa, não se vende apenas trezentos e cinquenta gramas de papel, tinta e cola - vende-se uma vida nova. Amor e amizade e humor e navios no mar à noite - um livro, um livro à séria, contém todo o céu e a terra."
Christopher Morley

Se alguma vez vou parar de escrever sobre livros? Não, tal como nunca vou parar de os ler... Sempre que a vida do quotidiano estaciona e se encosta por um pouco à berma, agarro-me a um livro e é nele que me enrosco e encontro tudo o que foi acima referido e muito mais... Sem livros, não haveria Natal para mim... Sem livros, não haveria pausa no trabalho que valesse a pena. Sem livros, não haveria eu para aqui escrever...
Como diz Wendy Welch, no aconchegante livro A Minha Pequena Livraria (que torna ainda mais forte o sonho de um dia também ter a minha!), "os livros são mais do que palavras numa sucessão de páginas. Marcam os momentos importantes da viagem que é a nossa vida."
Desde que era pequena, o presente perfeito para mim sempre foi um livro. Perceber as razões pelas quais alguém o escolhera para mim e desbravá-lo era a aventura que se seguia e entregava-me (e continuo a entregar-me!) a essa expedição com todo o carinho, sabendo que no fim teria lido mais um pouco de mim própria que desconhecera até então...

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Paz...


Palavra de ordem: paz... Apesar do vento e da chuva lá fora, cá dentro reina o sossego, o aconchego, a manta, o chá, as velas acesas, o cheiro a baunilha, o livro no colo e a presença do Tempo para poder ser apenas eu por um pouco...

Limites...


"Chasing Mavericks" é um filme sobre os limites que podemos ultrapassar quando nos predispomos a tal... Viver é um desporto que não traz metas fixas, a não ser aquelas que desenhamos para nós próprios no itinerário dos nossos projetos e sonhos... Se é certo que por vezes estabelecemos marcos muito próximos e fáceis de atingir, outras alturas e situações há em que esticamos esses objetivos até ao extremo do elástico das nossas possibilidades... Não conseguimos prever o fim, por isso nunca sabemos de antemão se vamos cumprir com o que planeamos ou se ficaremos aquém... O importante é que continuemos a tentar porque, impelidos pela adrenalina do desafio, somos capazes de conseguir ver o mundo de cima de uma onda...

sábado, 7 de dezembro de 2013

Heroísmo...


"A good head and a good heart are always a formidable combination."
Nelson Mandela

Desapareceu do mundo quem o disse e quem o provou com a sua existência... Não desaparecerá, no entanto, das nossas memórias, da história do mundo, da literatura nem do cinema... Enquanto aguardamos o filme que mostrará a sua longa caminhada pela liberdade, ouvimos uma das canções da sua banda sonora e homenageamo-lo, sabendo que a sua grandiosidade não cabe em nenhum tributo que lhe possamos fazer e agradecendo por ter coexistido no mesmo Universo que nós, porque isso só mostra o quanto podemos encher de valor uma Vida...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Homenagem...


"Amorzade. Não me tinha passado pela cabeça que é exatamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje."
António Lobo Antunes

E é o que tenho para dizer, precisamente quatro anos depois de ver um amigo desaparecer para debaixo da terra, num dia de chuva e vento como hoje... Para debaixo da terra, mas não para o esquecimento... Não deixa de ser verdade como nos lembramos mais das pessoas quando elas já não estão cá. Não que antes lhes retirássemos importância, mas é que agora agarramos nesse valor que sempre soubemos que tinham e acrescentamos-lhe a saudade e, sobretudo, o vácuo para onde atiramos o tanto que lhes podíamos ter dito e não dissemos, o muito que podíamos ter feito juntos e não fizemos...
É por isso que tento não desarmar quando gosto de alguém, que tento relembrar aos meus amigos o quanto eles são importantes, que me tento aproximar mesmo quando eles talvez preferissem um pouco mais de espaço... Doutras vezes, não consigo estar tão próxima como gostaria... Mas esforço-me... E por vezes vivo no dilema de me aproximar ou não... E, mais do que tudo, tenho medo (muito medo!) do dia em que mais algum amigo tenha que ir para debaixo da terra... Embora o solo seja fértil em boas memórias, em sorrisos e palavras partilhados, em agradecimento pelo que se conseguiu viver...
Até porque o mesmo (e sábio!) António Lobo Antunes nos dá a maior das lições que aqui repito: "Os amigos não morrem: andam por aí, entram por nós dentro quando menos se espera e então tudo muda: desarrumam o passado, desarrumam o presente, instalam-se com um sorriso num canto nosso e é como se nunca tivessem partido. É como, não: nunca partiram." Assim é e assim seja...