Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

domingo, 22 de junho de 2014

Espinhos...


Há umas semanas deparei-me, a meio do livro que andava a ler, com esta história que já conhecia:

"Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Então, os porcos-espinhos resolveram juntar-se em grupo, pois assim aqueciam-se e protegiam-se uns aos outros.
Mas os espinhos feriam os companheiros mais próximos - justamente os que forneciam mais calor. Por causa disso, eles voltaram a afastar-se.
E começaram de novo a morrer congelados.
Então viram-se obrigados a fazer uma escolha: ou eram dizimados da face da Terra ou aceitavam os espinhos do próximo.
Com sabedoria, decidiram unir-se mais uma vez. Aprenderam a conviver com as pequenas feridas que uma relação muito próxima pode causar, uma vez que o mais importante era o calor do outro. E assim sobreviveram."

Dei por mim a pensar como grande parte da nossa existência decorre exatamente na análise da dicotomia dor/calor humano. Sabemos que, quando nos aproximamos das pessoas, isso faz com que criemos laços que acabarão necessariamente por nos magoar de uma maneira ou de outra, porque as relações humanas nunca trazem só coisas boas. Aqueles de nós que já saíram muito magoados de relacionamentos anteriores deixam, por vezes, prevalecer esse prato da balança e refugiam-se em si próprios, fugindo ao contacto com o outro. Mas o frio acaba por chegar e o calor que os outros emanam consegue ser bastante persuasivo. Decidimos desafiar a dor, preparando-nos para as eventuais feridas e enroscamo-nos no aconchego de quem nos pode aquecer a alma...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Tributo...


"I've learned that people will forget what you said, people will forget what you did, but people will never forget how you made them feel."
Maya Angelou

Com a azáfama de fim de ano letivo e o tempo a ser ainda mais escasso, não consegui vir aqui escrever algumas palavras sobre a mulher que nos deixou este pensamento e esta certeza. Faço-o agora, até porque as homenagens às pessoas intemporais não têm data nem hora marcada.
Conheci a sua obra na Universidade e as suas palavras encontraram eco dentro de mim, dando mais força aos meus próprios ideais. Longe de se cingirem ao clamor de uma afro-americana, os seus escritos veiculam o desejo de liberdade e de individualidade que deve existir dentro de cada um de nós. Quando o lemos nas palavras de outras pessoas, identificamo-nos, sentimo-nos legitimados e ficamos mais fortes.
Por isso, Maya, o meu "caged bird" ficou mais livre ao ler-te e permitiu-se voar com mais convicção pelos céus da vida, trazendo-me onde estou hoje. Obrigada por não me permitires esquecer tudo o que me fizeste sentir...