Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Good things...


"Sei que vai acontecer qualquer coisa boa.
E não sei quando,
Mas dizer apenas que sim podia até fazê-la acontecer."
Kate Bush

E acreditar que sim faz com que ela aconteça na certa... Eu acredito!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tempo para ter férias


Em vez de escrever eu, no primeiro dia das minhas férias, vou deixar o José Luís Peixoto falar... Porque ele diz tudo...


"Mesmo a tentarmos muito, não conseguimos prever tudo aquilo que aprenderemos de olhos fechados, só a sentir o sol. Agora, no primeiro dia, as férias parecem infinitas. É impossível imaginar o seu fim. Serão constituídas por tardes inteiras e cada uma dessas tardes sob esta claridade terá o tamanho de uma vida. Agora, mesmo a tentarmos muito, não conseguimos prever a quantidade de tempo que iremos passar ao lado de pessoas que são importantes para nós e de outras pessoas, ainda desconhecidas mas que, depois desse encontro, começarão também a ser importantes para nós.
Como será a voz desses que vamos conhecer? Nós somos tão tímidos. Como será o momento em que iremos deixar que alguém se aproxime? Quais serão as primeiras frases que trocaremos e, depois, de que forma esse estranhamento inicial, esse calcular preciso de cada expressão, se transformará em à-vontade?  Agora, no primeiro dia, todo o tempo que se aproxima é um lago de perguntas, tem a temperatura certa, apetece mergulhar.
E é quase certo que, ao longo destas férias, iremos nadar ou, simplesmente, ficar dentro de água a sentir a maneira como, nesse mundo líquido, nessa dimensão, somos mais leves. Lá, na água, poderemos voar, abandonar o chão. E não caímos ou demoramos momentos longos a cair e temos muita oportunidade de sentir a extravagância de flutuar. Irá parecer-nos que, se pudéssemos, passaríamos todos os dias da nossa vida a flutuar.
E até me parece que já sou capaz de ouvir os sons de alegria: o barulho de nos espreguiçarmos em manhãs sem despertador ou o rugido sereno do horizonte quando estivermos sentados ao fim da tarde, em silêncio. É uma ilusão acreditar que ouço esses sons por antecipação. É exatamente o contrário. Esta é uma felicidade antiga, vem desde o tempo em que o riso das crianças era o meu próprio riso. Aquilo que me diziam com o olhar no primeiro dia de férias era igualmente imenso e impossível de conceber na sua totalidade. Por isso, os filósofos gregos do décimo ano mentiam quando afirmavam que não é possível repetir o tempo. Estar aqui, agora, perante o futuro é a prova absoluta e irrefutável disso mesmo. Desculpem, estátuas de mármore.
Sim, eu sei, não sou nenhum menino. Sei que não vamos estar de férias para sempre, mas essa é apenas uma certeza teórica, porque agora estou ao lado dos meus filhos e da minha mãe, este é o nosso primeiro dia de férias e a verdade deste presente é avassaladora. Em si, este é um momento para sempre. Agora, as férias parecem infinitas e, agora, no interior deste momento, são mesmo infinitas. Aquilo que acontecerá mais tarde não existe ainda, nada o pode garantir. Agora, existe esta luz que nos cobre tranquila, ninguém está doente, o ar cheira bem, respira-se e estou a tão pouca distância dos meus filhos e da minha mãe que posso tocá-los. Se lhes disser algumas palavras, não importa se são as mais importantes ou as mais passageiras, eles podem ouvir-me.
Este é o nosso tempo.
Aqui, aprecio a eternidade deste momento e sorrio com o tamanho inteiro da minha presença."
por José Luís Peixoto

terça-feira, 24 de julho de 2012

Vamos ser café?


"Um chefe de cozinha encheu três panelas com água e colocou cada uma delas sobre o fogo alto. Numa delas, colocou cenouras, noutra ovos e na última colocou café moído.
Cerca de vinte minutos depois, apagou o fogo, retirou os ovos, colocou-os numa tigela; retirou as cenouras, colocou-as num prato e verteu o café numa chávena: as cenouras estavam macias, o ovo endurecera e o café?
O chefe observou o seguinte: todos os produtos tinham enfrentado a mesma adversidade, ou seja, a água a ferver. No entanto, cada um reagira de maneira diferente.
A cenoura, quando foi colocada na água, era firme e inflexível. Depois de ter sido submetida à fervura, amoleceu e tornou-se frágil. Quando os ovos foram colocados na água, eram frágeis. A sua casca fina protegia o seu interior, que era líquido. Mas, depois de terem sido fervidos, o seu interior tornou-se mais firme e endurecido. Com o café, tudo foi diferente: depois de ter sido levado à água e de ter sofrido a ação do fogo, ele conseguiu transformá-la!
Agora cabe-nos meditar: com qual dos três nos assemelhamos quando a adversidade vem ao nosso encontro? Seremos cenoura, ovo ou café? Seremos como a cenoura, que parece forte, mas que, perante a adversidade, murcha, se torna mole e perde a força? Seremos como o ovo, que tem um espírito maleável e fluido, mas que, perante a adversidade, se torna endurecido? Ou seremos como o café? Ele muda a água a ferver que lhe causa dor... Quando a água chega ao ponto de fervura, ele dá o máximo de si e deixa evidente o seu delicado sabor e aroma...
Que sejamos como o café, que perante uma dificuldade sejamos capazes de reagir de forma positiva para a podermos transformar, sem nos deixarmos vencer pelas circunstâncias adversas. Que haja sempre sabedoria nos nossos momentos mais difíceis para que possamos espalhar o nosso mais doce aroma. Procuremos sempre ser café, usando a hostilidade para modificarmos o sabor da nossa vida e da dos outros."
(Recebido via correio eletrónico e adaptado)

Eu escolho ser como o café, sempre...

domingo, 22 de julho de 2012

If I wish upon a star...


"Nunca esperas, deseja apenas."


Porque a esperança tem cor e os desejos podem viver no mais escuro dos quartos dentro da nossa alma... 
Porque a esperança transparece nos nossos atos e os desejos escondem-se...
Porque a esperança leva à desilusão e os desejos podem concretizar-se...
Aprendi a não esperar nada, mas nunca deixei de desejar, porque, se deixasse, também deixaria de ser eu...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Happy birthday, Mandela!


No dia do aniversário deste grande líder, quero partilhar o poema que lhe serviu de consolo e inspiração quando a Vida lhe apertou o cerco, para que lhe sigamos sempre o exemplo:

Invictus

Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the measure of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

William Henley

Sem preço...



Nunca começo a ler um livro com o preço marcado... Porque, para mim, os livros, tal como as pessoas, não têm preço...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Contentamento



"Enquanto nos contentamos com o pão, vai tudo bem, mas da manteiga em diante começam as nossas lutas."
Francisco Cândido Xavier

Importante, pois, é não nos esquecermos de nos sentirmos satisfeitos e agradecidos por esse pão, sabendo que a manteiga vem por acréscimo, muitas vezes quando menos esperamos, e que até podemos ser surpreendidos e receber uma doce dose de compota...



sábado, 7 de julho de 2012

Compassos de espera...


"As pessoas crescem a ritmos diferentes e em direções que, por vezes, as desencontram. Não são os momentos em que sonham ou se encantam que as separam, mas as vezes, de menos, em que não dizem «espera por mim»."
Eduardo Sá in A vida não se aprende nos livros

Nas páginas do livro da minha vida aprendi isso mesmo, que as pessoas que realmente nos importam não se separam de nós, mas também aprendi que, para que isso não aconteça, por vezes temos que ser nós a sussurrar, ainda que só com a alma ou em gestos silenciosos: "Espero por ti." Não se preocupem aqueles que me são importantes, porque eu sou mesmo daquelas que esperam...

domingo, 1 de julho de 2012

Arquivo...


Porque é tão bom começar um livro e encontrar uma passagem assim:

"Quem criou este planeta deve ter criado outro planeta ao mesmo tempo, algures no universo.
O planeta para onde vão as pessoas quando morrem.
E esse planeta deve chamar-se Arquivo.
[...]
Lá, num lugar semelhante a uma biblioteca gigante, muito tranquilo e muito asseado, é tudo incrivelmente organizado.
É um sítio amplo, com um corredor que o atravessa de uma ponta à outra e tão comprido que não se lhe vê o fim.
É lá que vivem as pessoas que deixaram o nosso planeta, em paz.
Pensando bem, esse planeta é parecido com o interior do nosso coração."
in Contigo para Sempre, de Takuji Ichikawa