Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Simply the best!


"Be yourself, but always your better self."
Karl G. Maeser

Tentamos dar sempre o nosso melhor. Todos temos dentro de nós essa capacidade de nos superarmos a nós próprios, colocando a fasquia cada vez mais elevada e ganhando balanço cada vez mais ao fundo para a transpor. Nem sempre o conseguimos, porém.
Tantos são os dias em que conduzimos para casa ao som do cansaço do fim de mais uma jornada de labuta e trauteamos baixinho a impotência de apagarmos todos os fogos, de acudirmos a todas as aldeias, de subirmos a todas as árvores e salvarmos todos os que se encontram em apuros à nossa volta. Sentimos que falhamos em tantas esferas; debruçamos o pensamento sobre as vidas dos amigos que não conseguimos acompanhar como desejaríamos; pagamos a conta das compras no caixa do hipermercado, mas ficamos a dever à nossa consciência o "olá" apressado que dirigimos a um alguém a quem outrora dedicamos mais tempo e atenção…
Somos assim porque não temos o dom da ubiquidade ou da omnipresença… Sabemo-lo, mas continuamos a tentar ser o melhor de nós… E tudo o que tentamos ganha outra cor quando recebemos de volta um gesto inesperadamente aromatizado de Amizade… E isso basta para prosseguirmos!

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Wings...


"If you love something, set it free. 
If it comes back to you, it's yours. 
If it doesn't, it never was."

Pode-se levar algum tempo útil de vida a tentar perceber este facto. Sim, porque agora sabe-se que é um facto. E lamenta-se o tempo desperdiçado nos passados da nossa cronologia a tentar segurar alguém ao nosso lado e do nosso lado. Infantilidade emocional, talvez… Adiante…
Na idade adulta do coração, amadurecido à força de alguns encontrões, beliscões e pontapés, hetero ou auto-infligidos, recostamo-nos no conforto tranquilo de o saber agora. Porque isso poupa-nos trabalho e canaliza a nossa energia para outros campos bem mais frutíferos.
Às vezes ainda nos surpreendemos com aqueles que quiseram ficar embora pudessem ter voado para bem longe. E também nos entristecemos se pensamos nos que gostaríamos que tivessem ficado, mesmo que tivessem asas tão belas e imensas que só fazia sentido que voassem.
É na plataforma central destas partidas e chegadas que vamos sendo quem somos, amados por quem nos quer amar, acarinhados por quem nos sabe acarinhar, acompanhados por quem quer a sua mão na nossa. E os outros? Os outros gravitam no mesmo universo que nós, mas só podem aterrar se for essa a sua intenção de órbita. Sem amarras ou âncoras. Só porque nós estamos aqui e eles querem estar no nosso ângulo de presença...

sábado, 14 de fevereiro de 2015

A brincar… se vive!


"A vida é séria de mais para não ser levada a brincar.
Nós brincamos. Quando se brinca os dias ficam curtos, os problemas parecem pequenos. Quando se brinca a solução parece mais fácil, chega primeiro.
Rir não é o melhor remédio; é o único remédio."
Pedro Chagas Freitas

Eu brinco. Quem que me conhece sabe como brinco e como não consigo estar muito tempo séria. Mesmo que o assunto seja sério. Porque quando o caso é sério, pode ficar um caso sério se nunca formos capaz de rir sobre ele.
O nosso lado de criança não pode sobreviver se não o alimentarmos com sorrisos, risos, gargalhadas, lágrimas de tanto rir. E se o nosso lado de criança atrofiar, viveremos uma velhice antecipada todos os dias da nossa vida, encarcerados num lar de terceira idade para a alma. 
É por isso que brinco e rio, no meu próprio pensamento, procurando sempre o lado mais hilariante de cada situação. É por isso que brinco e rio no trabalho, onde tenho a sorte de ter a minha segunda família que treslouca e ri comigo. 
E no dia em que eu deixar de rir, internem-me ou enterrem-me porque (des)enlouqueci ou faleci...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Memórias...


"Find time for happiness because the only gifts that last are memories."
Lullaby (movie)

Colecionamos moedas porque queremos poupar para o futuro, para a reforma, para a velhice. Gastamos os dias para poupar alguns trocos. Trocamos momentos de lazer por outros de labuta. Labutamos sem descanso, cansando-nos e aos que nos rodeiam com o nosso dispêndio exagerado de energia. Enérgicos continuamos no dia seguinte, mesmo quando na noite anterior sucumbimos à exaustão.
E em tudo isto vamos hipotecando segundos, minutos, dias, meses, anos, vidas… E pagamos juros cada vez mais elevados à medida que o tiquetaque do relógio psicológico nos pressiona a parar e a fruir… Ignoramos esse apelo na maior parte das vezes porque o grito de todas as tarefas que se amontoam, ensurdecedoras, é mais forte e mais premente.
Mas depois há aqueles dias em que nos limitamos a parar. Por uns instantes apenas ou por algumas horas. Em boa companhia. Regados por um bom copo de vinho, por um descafeinado outrora café, por um cappuccino com ar requintado. 
Interessa a que sabe o momento? Não. Importa como sabe bem. E como resgatamos uma parte de nós apenas porque paramos. E falamos. E ouvimos. E sentimos. E sorrimos. E gargalhamos. E somos o que fomos. E fomos o que somos. Um pedaço de vida que se agita, que se mexe e remexe na cadeira porque não se deixou acorrentar pela rotina. Haja momentos assim. Ámen.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Amizade(s)...


"Quando nos confrontamos com a amizade sentimos todos a dificuldade de exprimi-la, pois entramos num campo onde não há espaço para muitas declarações, e soam despropositados os longos discursos… Existem, sim, histórias de vida. Existem nomes, rostos, vivências… Existe o indizível da presença, a coreografia fiel e criativa dos gestos. (…) Não é por acaso que, nas nossas sociedades, o amor acabe por ser tutelado institucionalmente, mas não há nenhuma lei escrita que tutele a amizade. Há uma ética da amizade, mas essa vem apenas inscrita nos corações. (…)
Um amigo, por definição, é alguém que caminha a nosso lado, mesmo se separado por milhares de quilómetros ou por dezenas de anos. O longe e a distância são completamente relativizados pela prática da amizade. De igual maneira, o silêncio e a palavra. Um amigo reúne estas condições que parecem paradoxais: ele é ao mesmo tempo a pessoa a quem podemos contar tudo e é aquela junto de quem podemos estar longamente em silêncio, sem sentir por isso qualquer constrangimento. (…) Há aquele ditado que diz: "viver sem amigos é morrer sem testemunhas". A diferença entre os conhecidos e os amigos é a mesma que distingue um ocasional espetador daquele que está habilitado a testemunhar. Este último disponibiliza-se realmente a ser presença."
José Tolentino Mendonça

Muito se pode, de facto, dizer e escrever sobre a amizade e sobre as nossas diferentes amizades. Poderia alongar-me em panegíricos, mas isso não me faria chegar mais perto da importância que atribuo aos meus amigos. Sobretudo àqueles que se mantêm tão silenciosos como espetadores, mas que estão sempre prontos a testemunhar o seu carinho por mim quando menos o espero e talvez mais o precise.
Vivo vários conceitos de amizade na minha existência. Não os consigo definir, nem arranjar motivos para serem como são. Simplesmente coexistem no meu território emocional. E estão pendurados no meu coração como este lema que me chegou pelas mãos de uma amiga… Porque viver é assim mesmo: arranjar sempre lugar no coração para pendurar alguém que lá merece estar e que nos inspira a viver mais e melhor todos os dias...