Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

sábado, 2 de abril de 2016

Insónia de escrita...



Não tenho muito tempo para escrever… Talvez já não sinta muita necessidade de o fazer porque estou tranquila e a escrita sempre foi uma espécie de terapia ou um poço sem fundo para dentro do qual podia despejar todas as minhas reticências, exclamações e interrogações. Mas o apelo existe e às vezes faz-se sentir mais forte numa noite de insónia como esta.
Não é preciso saber que alguém me lê. Basta saber que eu própria paro para me ouvir. À medida que as letras se enfileiram e se abraçam em palavras, frases e parágrafos, vou-me lendo e redescobrindo. Como se a alma se despisse às camadas e se deitasse à minha frente para eu a contemplar. Talvez a escrita seja o meu melhor espelho e eu precise dele para me relembrar como sou.
E como sou? Não importa se sei que sou o que consigo ser. Nem sempre assim fui nem para sempre o serei. Mas quero escrever-me com um computador ao colo numa cama revirada pela insónia de uma interrupção letiva que me troca os sonos por me permitir sair da rotina. E quero fazê-lo sempre que me apetecer. Só porque sim. Sim. Só porque sou eu. Só porque. Sou eu. EU...