Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Alerta para a Felicidade...


"Desde cedo que temo a possibilidade de passar pelas horas mais felizes da minha vida sem as reconhecer. Não sei com quem aprendi esse talento. Sinto pena silenciosa quando vejo alguém recordar um tempo em que foi feliz como se, só naquele instante, demasiado tarde, identificasse a felicidade que atravessou. Não quero esse desperdício para mim. A vontade de reconhecer os melhores momentos da minha vida no instante em que estou a vivê-los dá-me a lucidez de estar sempre alerta para a felicidade. É essa a minha sorte."
José Luís Peixoto

Com o tempo fui aprendendo a dar cada vez mais valor ao momento presente, a saborear cada instante como se de uma sobremesa irresistível se tratasse... Os anos a pesar foram trazendo à tona o forte peso da mortalidade e, ao sentir-me mais velha e cansada, passei também a experienciar um tom de gratidão mais agudo pelo que vou vivendo. Sei que não vou durar para sempre, nem aqueles de quem gosto, por isso me custa tanto ter peças fundamentais do puzzle do meu coração longe de mim, ou perto mas indisponíveis (o que ainda custa mais...). No entanto, fui percebendo que, se elas compõem, de facto, esse tal puzzle, o Universo arranjará maneira de nos dispor lado a lado, no plano dele e num futuro próximo ou longínquo, nesta ou noutra dimensão. Pensar assim ajuda-me a curvar a alma dos dois lados para formar um sorriso e acreditar que basta querermos para sermos felizes, com muito, com pouco, com tudo ou até sem nada...

domingo, 7 de julho de 2013

Regressos...


"A vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginamos silêncios, e súbitos regressos quando pensamos que não voltaríamos a encontrar-nos."
in A Viagem do Elefante de Saramago

Quando o faz, põe os nossos princípios à prova, contrariando a ideia de Heráclito de que "não se pode descer duas vezes o mesmo rio" ou o conselho "nunca voltes ao lugar onde já foste feliz" de Rui Veloso... É nessas ocasiões que mais nos apetece regressar ao que já foi familiar, ao que já foi nosso, aos lugares-comuns da nossa felicidade... Afinal de contas foi o mesmo Saramago que começou aquele livro com o pensamento "Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam"...