"Amorzade. Não me tinha passado pela cabeça que é exatamente o que sinto pelos meus amigos, os vivos e aqueles que morreram, ou antes, não morreram, só não puderam vir hoje."
António Lobo Antunes
E é o que tenho para dizer, precisamente quatro anos depois de ver um amigo desaparecer para debaixo da terra, num dia de chuva e vento como hoje... Para debaixo da terra, mas não para o esquecimento... Não deixa de ser verdade como nos lembramos mais das pessoas quando elas já não estão cá. Não que antes lhes retirássemos importância, mas é que agora agarramos nesse valor que sempre soubemos que tinham e acrescentamos-lhe a saudade e, sobretudo, o vácuo para onde atiramos o tanto que lhes podíamos ter dito e não dissemos, o muito que podíamos ter feito juntos e não fizemos...
É por isso que tento não desarmar quando gosto de alguém, que tento relembrar aos meus amigos o quanto eles são importantes, que me tento aproximar mesmo quando eles talvez preferissem um pouco mais de espaço... Doutras vezes, não consigo estar tão próxima como gostaria... Mas esforço-me... E por vezes vivo no dilema de me aproximar ou não... E, mais do que tudo, tenho medo (muito medo!) do dia em que mais algum amigo tenha que ir para debaixo da terra... Embora o solo seja fértil em boas memórias, em sorrisos e palavras partilhados, em agradecimento pelo que se conseguiu viver...
Até porque o mesmo (e sábio!) António Lobo Antunes nos dá a maior das lições que aqui repito: "Os amigos não morrem: andam por aí, entram por nós dentro quando menos se espera e então tudo muda: desarrumam o passado, desarrumam o presente, instalam-se com um sorriso num canto nosso e é como se nunca tivessem partido. É como, não: nunca partiram." Assim é e assim seja...
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