Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Chocolate quente para a alma...


É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente
inocente a toca,
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?

É isto um livro, esta espécie de coração
(o nosso coração)
dizendo "eu" entre nós e nós?
Manuel António Pina

Gosto de pessoas. Tenho uma profissão de pessoas. Convivo com elas diariamente. Alunos, colegas, pais, uma teia de relações humanas que se junta às outras que cultivo na minha vida pessoal. Umas têm um padrão bonito, definido e invejável. Outras são como um emaranhado em que me sinto enredada já há vários anos e do qual não me consigo (nem quero!) soltar.
Por isso, quando pauso, agarro-me aos livros e ao seu silêncio cheio de palavras e sons. Sorvo-os como um chocolate quente que me adoça e aquece a alma, fazendo-me evadir de todas as histórias que habitam o meu quotidiano para me levarem até outras, onde me refugio, mas também me revejo; onde despisto os meus problemas, mas também os encontro nos das personagens que me fazem companhia.
Se podia ficar assim o ano inteiro? Talvez pudesse… Mas que chocolate quente nos saberia bem se houvesse apenas verão? É o frio do inverno que nos faz ansiar por ele. Assim é com o bulício do meu dia a dia que me faz valorizar ainda mais os momentos em que embalo um livro e adormeço qualquer angústia ou dor...

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