"estão vivos os fantasmas
e aprenderam a uivar.
preparo os pés
reinicio a caminhada.
[...]
respiro. Espero.
oxalá
que os pássaros saibam
o caminho de volta
até mim."
Ondjaki
Nem sempre sabemos qual será o nosso caminho... Muito menos podemos prever com quem nos vamos cruzar ao longo dele. Sempre que deixamos alguém para trás numa encruzilhada, a perda atrai-nos como um íman que não nos deixa avançar. Carpimos, doemos, arrastamos a dor, até que ela se esgota, se farta de nós e nos dá um empurrão para continuarmos. Nesse dia estaremos salvos, até ao próximo beco sem saída ou precipício...
Os caminhos não têm que ser complexamente delineados a priori. Este filme mostra-nos isso com uma simplicidade assustadora. Tal como o bom cinema não tem que ser absurdamente exagerado. Às vezes a qualidade da fotografia guia-nos mais eficazmente às nossas próprias conclusões do que o mais caro dos orçamentos em efeitos especiais.
Posso dizer que estou sob o efeito d'O Caminho... E vou até ali, viver mais uma semana, com todos os encontros que ela me reservar, sabendo que pararei muitas vezes, que as forças me poderão faltar, que as perdas passadas surgirão como feridas não totalmente cicatrizadas a querer reabrir ou como cicatrizes que os espelhos do quotidiano nem sempre conseguem omitir... Mas sei que vou e que não desistirei do melhor dos percursos: viver...
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