"Quando apagam a luz do quarto a noite deita-se em cima do meu corpo, de mistura com os passos no corredor que se transforma num espaço infinito de ecos e, às vezes, dos pezinhos da tristeza que, não sei como, chegou ao pé da cama e pode ser que me lamba uma das mãos, cortando-me, como uma faca, o medo pelo meio, eu tão sozinho, tão indefeso, tão frágil."
António Lobo Antunes
E assim, em poucas palavras, o Grande Lobo Antunes, companheiro de tantas crónicas servidas com um defunto café, agora transformado em descafeinado, resume aquele estado de espírito onde todos merecemos habitar por vezes... Por mais luz que haja dentro de nós, também temos o direito de escurecer... Até porque sempre que nos "apagamos" estamos já a pensar na subida do regresso às manhãs, à luz, às cores que carregamos e que hão-de querer voltar a explodir... E o amanhã nem sempre é longe demais...
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