Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

sábado, 20 de junho de 2015

Sofrimento(s)...


"Muito se tem falado sobre o sofrimento dos professores. Eu, que ando sempre na direção oposta, e acredito que a verdade se encontra no avesso das coisas, quero falar sobre o contrário: a alegria de ser professor, pois o sofrimento de ser um professor é semelhante ao sofrimentos das dores de parto: a mãe o aceita e logo dele se esquece, pela alegria de dar à luz um filho."
Rubem Alves

É fim de ano letivo. Os professores estão cansados, talvez quase esgotados. Sofreram durante mais um ano letivo. Isso é inegável. Mas os que realmente continuam a ser e a querer ser mestres sabem que bastam as quatro semanas de agosto para se esquecerem de todas as dores sentidas.
Ainda é junho, ainda este ano escolar não acabou de arrefecer e já eles pensam no que podem e querem fazer no próximo. Despedem-se dos seus alunos, de alguns apenas até para o ano, de outros até para que a vida os cruze de novo, sabendo que vão ter saudades dos seus sorrisos barulhentos a entrar pela sala de aula.
Se querem e precisam urgentemente de férias e de descanso? Claro! Se querem e precisam inegavelmente de continuar nesta vida-missão que escolheram? Indubitavelmente. Apesar das feridas que nem sempre têm tempo de fechar e sarar para que se abram outras. Apesar dos Velhos do Restelo que lhes rogam pragas entre dentes ou alto e bom som.
Mas eles teimam (e vão teimar!) em continuar a olhar a imensidão deste oceano de oportunidades para ensinar e aprender que é a vida. E vão-se deixar levar pelas ondas do seu próprio entusiasmo. E hão-de descansar no areal de cada verão enquanto vão planificando na sua alma de professores a travessia a iniciar no próximo setembro...

1 comentário:

  1. Pois eu pertenço aos desiludidos com a docência, Para dizer a verdade, já tenho vergonha de ser professor.

    Trinta anos depois de ter começado, já não existe escola, mas sim o centro de dia onde pais querem ter os filhos para trabalhar. Em alguns casos querem ter aí os filhos só para os não aturar.
    O meu papel já não é de formador nem de educador, é de animador... para os alunos é mais de palhaço.

    Desculpe, mas é o que sinto... baseado no que vejo.

    Também já fui um romântico, mas hoje sou um desiludido e com os pés bem assentes no solo.

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