"Muito se tem falado sobre o sofrimento dos professores. Eu, que ando sempre na direção oposta, e acredito que a verdade se encontra no avesso das coisas, quero falar sobre o contrário: a alegria de ser professor, pois o sofrimento de ser um professor é semelhante ao sofrimentos das dores de parto: a mãe o aceita e logo dele se esquece, pela alegria de dar à luz um filho."
Rubem Alves
É fim de ano letivo. Os professores estão cansados, talvez quase esgotados. Sofreram durante mais um ano letivo. Isso é inegável. Mas os que realmente continuam a ser e a querer ser mestres sabem que bastam as quatro semanas de agosto para se esquecerem de todas as dores sentidas.
Ainda é junho, ainda este ano escolar não acabou de arrefecer e já eles pensam no que podem e querem fazer no próximo. Despedem-se dos seus alunos, de alguns apenas até para o ano, de outros até para que a vida os cruze de novo, sabendo que vão ter saudades dos seus sorrisos barulhentos a entrar pela sala de aula.
Se querem e precisam urgentemente de férias e de descanso? Claro! Se querem e precisam inegavelmente de continuar nesta vida-missão que escolheram? Indubitavelmente. Apesar das feridas que nem sempre têm tempo de fechar e sarar para que se abram outras. Apesar dos Velhos do Restelo que lhes rogam pragas entre dentes ou alto e bom som.
Mas eles teimam (e vão teimar!) em continuar a olhar a imensidão deste oceano de oportunidades para ensinar e aprender que é a vida. E vão-se deixar levar pelas ondas do seu próprio entusiasmo. E hão-de descansar no areal de cada verão enquanto vão planificando na sua alma de professores a travessia a iniciar no próximo setembro...