Há pessoas que são como barcos... Navegam sem medo no alto-mar... São seguras e conhecem a sua própria força. Fazem viagens constantes, cortando as ondas de forma destemida, e isso torna-as ainda mais ricas e aguerridas...
Depois há as pessoas que, tal como eu, são verdadeiros ilhéus... Têm o seu lugar fixo na Vida e desse promontório ficam a ver os outros (os que são barcos) passar. Admiram-nos, apaixonam-se por eles, mas sabem que não os podem acompanhar. O seu lugar não é em trânsito, não é na agitação, não é noutros lugares do mundo. O seu/meu lugar é aqui, a ver os outros, a gostar dos outros, a pensar nos outros enquanto eles vão e vêm. E é por isso que quando os barcos vierem das suas viagens, cansados mas cheios de histórias para contar, eu estarei sempre aqui para os acolher, de ouvidos, braços e alma abertos. Porque é essa a essência de se ser ilhéu: todos sabem onde nos encontrar...