Fotografia by Né - Ribeira dos Caldeirões, Achada - Nordeste São Miguel Açores

domingo, 25 de maio de 2014

Sentimentos...


"Feelings are like children. You don't want them driving the car, but you don't want to stuff them in the trunk either."
"Thanks for Sharing" (movie)

É por isso que os passeamos pela vida. Sabemos que eles podem co-pilotar a viagem, se deixarmos, ou apenas sentar-se no lugar do passageiro, calados, se lhes pedirmos. O problema é decidir o que queremos ou o que é melhor para nós e para os outros.

Percorremos alguns troços do caminho sozinhos e habituamo-nos à sua ausência. Por outro lado, alturas há em que gostaríamos de companhia para comentar a paisagem, parar e beber um café ou simplesmente cantarolar connosco a música que passa na rádio.

Vamos conduzindo nesta nossa passagem pela existência e sabemos que essa escolha nem sempre depende de nós, até porque os sentimentos nem sempre surgem. Quando aparecem, é tempo de os analisar e, o mais conscientemente possível, decidir que papel lhes vamos atribuir. Até porque:

"Feelings are much like waves. We can't stop them from coming, but we can choose which ones to surf."


domingo, 18 de maio de 2014

Laços...


"Crie laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras. Desfaça os nós que o prendem às que foram significativas na sua vida, mas que, infelizmente, por vontade própria, deixaram de o ser. Os nós apertam, os laços enfeitam."

Entre ler isto, repeti-lo para mim própria e fazê-lo, de facto, vai uma grande distância. Mas não devia. Afinal, está provado que há sempre pessoas novas que nos fazem bem, que são genuínas e que estão dispostas a aceitar os laços que lhes estendemos.
Depois há as outras, as que conhecemos num passado mais ou menos longínquo, e que se distanciaram de nós, por vontade própria, escavando um fosso que desde então tentamos transpor. Não temos coragem de desatar o nó que já só nos aperta...
Será que, se o soltarmos um pouco, ele poderá voltar a transformar-se em laço e enfeitar-nos a alma com renovados sorrisos?

domingo, 11 de maio de 2014

Golpes de mestra...


"Vida é professora  que dita rápido. Não espera. Pode sacudir o braço já adormecido, pode pedir para ir mais devagar. Ela não ouve, não está nem aí. Ela imprime o ritmo. Acompanhe quem puder."
Francisco Azevedo

Às vezes é preciso parar de tentar acompanhar. Nem que seja para olhar a vista pela janela, descobrir uma nova flor e descer do escritório para a ir cheirar... Enquanto inspiramos esses minutos de ar puro, também a vida nos vem fazer companhia, esquecendo, por instantes, a sua faceta de mestra impiedosa. Sentimos o seu carinho envolver-nos nos raios de sol que começam a aquecer cada vez mais e temos a certeza de que não é preciso andar sempre a correr para viver tudo e bem. Descobrimos ainda que nos momentos em que precisávamos de um abraço e não está ninguém por perto, basta estarmos atentos porque a Natureza estenderá os seus braços generosos e aconchegar-nos-á num amplexo profundo e vibrante.

domingo, 4 de maio de 2014

Amigos e ocasiões...


"Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre. A ideia utilitária da amizade, como entreajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo. A amizade é puro prazer. Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas. Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.
A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios. É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito. Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando. Podemos nem sequer dar-nos muito, ou bem, com elas. Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa. A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre.
Os amigos têm de ser inúteis. Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem e como são. O porquê, o onde e o quando não interessam. A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objetivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornamos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
A glória da amizade é ser apenas presente. É por isso que dura para sempre; porque não contém expetativas nem planos nem ansiedade."
Miguel Esteves Cardoso

Haverá certamente muitos tratados sobre a amizade. Já terei partilhado aqui diversas opiniões alheias sobre ela e várias ideias próprias sobre o assunto. Mas hoje escolhi estas. Porque nem sempre tudo é tão linear ou fácil de aceitar... Porque os amigos nos fazem falta quando gostaríamos de os ter mais perto... Porque nem sempre estão à distância de uma mensagem de telemóvel e nos sentimos mais sozinhos ou postos de parte ao recebermos o seu silêncio de volta... Mas depois reencontramo-nos com alguns após tanto tempo de lonjura e de Atlântico entre nós e confirmamos que tudo volta ao lugar certo e as conversas fluem e os sentimentos confluem para se encontrarem no centro de uma mesa de café, onde servimos este sentimento que continuará a ser, para mim, o mais puro e valioso do mundo...